domingo, 26 de outubro de 2014

                 AVALIAÇÃO: MITO OU DESAFIO?

                                                JUSSARA HOFFMANN



Segundo a autora, as práticas avaliativas dos professores “expressam princípios e metodologias de uma avaliação estática e frenadora, de caráter classificatório e fundamentalmente sentencivo”, sendo o fenômeno de avaliação, ainda hoje, algo definido. Hoffmann destaca, também, que há consenso de significado entre alunos e professores quanto a avaliar, considerando que “dar nota é avaliar, fazer prova é avaliar, e o registro de notas denomina-se avaliação”. Outros, ainda, são os significados atribuídos ao termo: “análise de desempenho , julgamento de resultados, medida de capacidade e apreciação do “todo” do aluno”.De acordo com a autora, a avaliação ainda é essencial a educação desde que tenha a perspectiva de ser problematizadora e que vise o questionamento e a reflexão sobre a ação. Diz, também, que “o significado básico da avaliação é a investigação e dinamização do processo de conhecimento.”Hoffmann nos lembra que o Brasil sofreu forte influência norte-americana no que tange a teoria da avaliação educacional, quando a partir dos anos 60 passou a ter como referencial teórico básico nos cursos de formação de professores o modelo RALPH TYLER, conhecido como “avaliação por objetivos”. A autora questiona, entre outras coisas, o que significa testar e medir na avaliação, aparecendo, então através de suas pesquisas discussões variadas, e constantes embates entre os professores acompanhados por ela, cada um procurando defender seus argumentos completamente contraditórios.São, segundo Hoffmann, várias as questões que surgem a partir disso, tais como: Todo o TESTE envolve obrigatoriamente medida? Sempre medimos através de TESTES? A MEDIDA serve para descrever atitudes dos alunos? Toda tarefa do aluno pode ser considerada um TESTE?Para a autora, dentre os diversos fatores que são considerados dificultadores de mudança da prática tradicional da avaliação, sobressai à crença dos educadores de todos os graus de ensino na continuidade da avaliação classificatória como garantia de um ensino de qualidade, que assegure um saber competente aos alunos.Contudo, cabe lembrar que pensando numa escola que classifica segundo critérios rígidos de aprovação ao final de cada série, estabelecidos sem ter como base uma análise séria sobre o seu significado e com uma variabilidade enorme de parâmetros por parte dos educadores, não pode ser vista como garantia de qualidade de ensino.Ainda vale citar que a avaliação feita apenas em momentos específicos (provas, trabalhos isolados, etc.) é tremendamente vaga no sentido de apontar as falhas do processo, pois não mostra as reais dificuldades e facilidades dos alunos e dos professores, não sugere qualquer encaminhamento, porque “ discrimina e seleciona antes de mais nada”.Segundo Hoffmann, a melhoria de qualidade de ensino está embasada principalmente em: ter uma escola que seja para todos; que compreenda as crianças; que tenha o compromisso de torná-las conscientes e que dê a elas o direito de provar o quanto podem aprender e o quanto a sociedade poderá contar com elas: uma avaliação contínua.O que significa promover a avaliação contínua? O termo continuidade significa sequência, processo, gradação. O que vemos muitas vezes nas escolas e que se denomina de “processo avaliativo”. Uma soma de tarefas que resulta numa soma de notas ou conceitos. Ora, o conhecimento não é linear e muito menos calculável - uma etapa que se soma à outra e da qual se calcula um resultado. 
Avaliar é interpretar um percurso de vida do aluno durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões. Avaliar é acompanhar para promover o processo de construção do conhecimento do educando. Processo envolve transformação, evolução, algo que muda de forma e de jeito. O termo subentende dois princípios essenciais em avaliação contínua: provisoriedade e complementaridade. O primeiro significa que toda a resposta ou manifestação do aluno é ponto de partida para novas perguntas ou desafios do professor. Uma só tarefa nunca deve ser tomada como definitiva para se dizer que ele aprendeu ou não algo, porque ele está em “processo de aprendizagem”.
 O segundo – complementaridade –, quer dizer que novas observações que se façam irão permitir compreender melhor o processo em andamento, servirão para complementar a observação do processo. Ou seja, é necessário que se ofereçam aos alunos muitas oportunidades de expressar suas idéias sobre um mesmo assunto ou não que está aprendendo, para observar as hipóteses em construção, e/ou construídas. 
Construção do conhecimento envolve uma visão epistemológica muito diferente da visão bancária, de memorização de conteúdos e de treinamento que ainda perdura em muitas escolas. Tal concepção é pano de fundo para os preceitos aqui defendidos, tal como a visão que se tem sobre a construtividade do erro e das concepções prévias dos educandos. Sem tais fundamentos, não se concebe, de fato, um processo de avaliação contínua nas escolas. 
A avaliação sempre deve estar a serviço do aluno. Isso significa que ela não tem como objetivo determinar as notas a serem enviadas à secretaria, mas acompanhar o caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e necessidades e alterar os rumos, se preciso. Ela é constante e a observação do aluno pode ser feita durante trabalhos em grupo, jogos e brincadeiras. Só que o olhar do professor, nesses momentos coletivos, deve ser sempre para cada estudantes. 
Em suma, questiona a padronização (relatórios x registros)  e propõe uma AVALIAÇÃO MEDIADORA / LIBERTADORA (contra a LIBERAL).

Referências:http://franquias.damasio.com.br/wp content/uploads/2011/12/Final_de_Semana_Magisterio_parte_30.pdf

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